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terça-feira, 11 de maio de 2010

O Pranto e o Riso

O Pranto e o Riso

Se o Pranto e o Riso aparecessem neste grande teatro no traje da verdade (sempre nua), sem dúvida seria a vitória do Pranto. Mas vestido, ornado e armado de uma tão superior eloqüência, que o Riso se ria do Pranto, não é merecimento, foi sorte. De tudo quanto ri saiu vestido, ornado e armado o Riso: riem-se os prados e saiu vestido de flores: ri-se a Aurora, e saiu ornado de luzes; e se aos relâmpagos e raios chamou a Antiguidade Risus Vestae, et Vulcani, entre tantos relâmpagos, trovões e raios de eloqüência, quem não julgará ao miserável Pranto cego, atônito e fulminado? Tal é a fortuna, ou a natureza, destes dois contrários. Por isso nasce o Riso na boca, como eloqüente, e o Pranto nos olhos, como mudo.

(...) Demócrito ria sempre: logo nunca ria. A conseqüência parece difícil e é evidente. O Riso, como dizem todos os Filósofos, nasce da novidade e da admiração e cessando a novidade ou a admiração, cessa também o riso; e como Demócrito se ria dos ordinários desconcertos do mundo, e o que é ordinário e se vê sempre não pode causar admiração nem novidade; segue-se que nunca ria, rindo sempre, pois não havia matéria que motivasse o riso.

(...) Há chorar com lágrimas, chorar sem lágrimas e chorar com riso: chorar com lágrimas é sinal de dor moderada; chorar sem lágrimas é sinal de maior dor; e chorar com riso é sinal de dor suma e excessiva.

(...) A dor moderada solta as lágrimas, a grande as enxuga, as congela e as seca. Dor que pode sair pelos olhos, não é grande dor; por isso não chorava Demócrito; e como era pequena demonstração da sua dor não só chorar com lágrimas, mas ainda sem elas, para declarar-se com o sinal maior, sempre se ria.

Nada digo que seja contrário aos princípios da verdadeira Filosofia e da experiência. A mesma causa, quando é moderada e quando é excessiva, produz efeitos contrários: a luz moderada faz ver, a excessiva faz cegar; a dor, que não é excessiva, rompe em vozes, a excessiva emudece. Desta sorte a tristeza, se é moderada, faz chorar; se é excessiva, pode fazer rir; no seu contrário temos o exemplo: a alegria excessiva faz chorar e não só destila as lágrimas dos corações delicados e brandos, mas ainda dos fortes e duros.



Pois é... por mais aberto, comico ou bonito que seja, atras desse sorriso tem sempre o pranto. Uma inquietação, sentir-se sem lugar, por mais que você vá conquistando aos poucos, sentir-se distante do mundo... Não acho que nasci na epoca certa, não sei ser o que as pessoas esperam de mim. Sou apenas eu, nem sempre é ruim, mas começo a achar que algumas coisas nunca mudam. Algumas coisas nunca vão embora completamente, mesmo que você lute. Defeitos podem ser amenisados, disfarçados, mascarados. Mas no final, qual o sentido?

Serei eu

Sempre
Para o bem ou para o mal...